Um santinho, um recadinho e uma leitura possível

» Por André Rodrigues

Se você deu uma conferida em nossa galeria de fotos, referente ao processo eleitoral Brasil 2014, constatou algumas imagens correlacionadas aos ciclos eleitorais – entre elas do período pré-campanha e de campanha propriamente. [ clique aqui e confira a galeria]. Bem, nesta postagem comento acerca de uma imagem produzida para o projeto e do detalhe que chamou minha atenção para inseri a imagem na história.

Uma das fotos, digamos, simples – pelo menos no sentido de registrar – é uma das que eu mais gosto e considero de forte leitura alternativa em relação ao processo eleitoral.

Peguei esse “santinho” (publicidade eleitoral) na minha caixa de correios. Bem, toda publicidade eleitoral que chegava às minhas mãos estava sendo arquivada para idealização de uma imagem. No caso desse santinho, o que chamou minha atenção foi o bilhete que estava anexo. Escrito à mão, o recado pedia meu voto. “Olá estive em sua casa preciso de sua ajuda seu voto Obrigada.” (sic).

A candidata (ou alguém) deu-se ao trabalho de escrever e sem querer transformou sua publicidade em algo bem particular. Seu santinho tornou-se algo peculiar e de coleção. Não sei se alguém se lembra de no tempo de escola escrever com uma régua rente à caneta – acho que nesse bilhete foi assim.

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Foto: André Rodrigues

Para mim, o bilhete atrelado à publicidade eleitoral “fala” acerca da natureza do processo em si. Remete à questão estrutural – por exemplo, de candidatos distantes do sistema de grande estrutura – até mesmo cultural.

Além disso, também há conotação acerca da iniciativa e pessoalidade do pretendente que constrói uma imagem de si. Ou seja, ele (no caso ela) disse que “esteve aqui em casa” numa demonstração (ou tentativa) de quebra de esteriotipagem, afinal não é um político distante de nós, mas alguém acessível – fiquem tranquilos, pois não vou entrar aqui numa espécie de análise de discurso (ethos e pathos) – rs.

Bem, são muitas leituras possíveis. Fique à vontade para ter a sua. Por fim, o santinho ganhou um toque particular e, de certa forma, cumpriu sua função de chamar atenção – pelo menos a minha. Virou uma foto.

Nosso jeito de testemunhar e documentar – Confira a galeria de imagens “Eleições Brasil 2014”


Após muitas horas na frente do computador (edição), finalizamos a galeria de imagens com os trabalhos realizados nesta eleição de 2014 para o projeto fotográfico documental “Voto em Imagens”.

Você poderá conferir imagens inéditas dos vários aspectos do processo e ciclos eleitorais com incursões que ocorreram nas cidades de Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro (Complexo do Alemão) e Paranaguá – Litoral do Estado do Paraná.

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Foto: André Rodrigues (São Paulo, 2014)

Foram alguns meses de trabalho e muitas horas de edição. Quando falamos de cobertura (principalmente documental), a gente sempre acha que faltou alguma coisa, que poderia ser melhor nisso ou naquilo; mas acredito que essa gama de imagens conta sim um pouco do que foi o pleito de 2014 – uma das eleições mais acirradas dos últimos tempos.

Imagens diversas, mas que podem apresentar certa leitura e singularidades. Tal como a foto da moça cabo eleitoral trabalhando na campanha e com um “quê” de porta-bandeira de escola de samba. Ou do catador de materiais recicláveis que estampa a publicidade eleitoral do candidato. Ainda: detalhes como a pichação da publicidade no qual o autor utilizou a palavra incompetente numa espécie de trocadilho como o termo “presidenta”, ou o santinho que acompanha um bilhete pedindo voto.

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Foto: André Rodrigues

Primeiro turno Eleições 2014 - Brasil

Foto: Marcos Xreda (Rio de Janeiro, 2014).

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Foto: André Rodrigues

Então, convido você a navegar na galeria e opinar sobre nosso trabalho. –  < http://www.votoemimagens.com.br >. 

 

 

F(V)OTO
Caso você tenha interesse, ainda temos para distribuição o impresso “F(V)OTO”. Uma iniciativa que tem como objetivo angariar fundos para a próxima pauta – leia sobre essa iniciativa.

[Presidenciáveis] – Dilma Rousseff em Curitiba

Dilma Rousseff em Curitiba. Fotos: André Rodrigues.

A presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT) esteve nesta sexta-feira (17) em Curitiba. A candidata participou de um ato público na Praça Generoso Marques, no centro de Curitiba, que durou cerca de 40 minutos.

Momento oportuno para registrar a passagem da candidata e seu vice, Michel Temer (PMDB).  Hora também de fazer algumas fotos de militantes, cabos eleitorais, simpatizantes e apoiadores desse candidato.

Registrei um incidente que envolveu um militante. Fora isso,  a visita da candidata rendeu uma diversidade de retratos. Material fotográfico que soma nessa etapa do projeto.  

Brazil’s presidential candidates
The president and candidate for re-election, Dilma Rousseff (PT)

Atualizando – últimas do projeto fotográfico

Foto: Marcos Xreda (2014)

Foto: Marcos Xreda (2014)

Por André Rodrigues

As Eleições Gerais Brasil 2014 tiveram sua primeira fase concluída no último dia 5. A primeira parte da “festa da democracia” – para usar um forte clichê – efetivou-se, assim como a primeira etapa da nossa “cobertura” fotográfica. Dos candidatos concorrentes ao cargo máximo, Dilma Roussef (PT) e Aécio Neves (PSDB) estão na acirrada disputa do segundo turno.

Em relação a esse pleito, iniciamos a captação de imagem em 2013 com o registro de assuntos correlatos, indiretamente ligados a questão eleição. Nessa fase final, Marcos Xreda captou imagens no Rio de Janeiro – Complexo do Alemão e Rocinha – e u optei por ter um registro da movimentação dos eleitores na cidade de São Paulo.

Agradecimento
Para a produção do material realizado no Rio de Janeiro, o fotógrafo Marcos Xreda contou com a ajuda de bons parceiros. Primeiramente ao fotógrafo Wagner Pinheiro que o recebeu em sua casa no bairro do Meier e fez a ponte para o contato com integrantes do Fotoclube do Alemão. Seu irmão Igor que o levou para uma volta rápida por quase toda a cidade passando também pela Rocinha. Ao fotógrafo e cinegrafista Kinho, morador do Complexo do Alemão e membro do fotoclube que o ajudou como guia apresentando vários morros que fazem parte do complexo. E aos fotógrafos Betinho e Renato que também acompanharam parte da caminhada contando histórias do passado recente da região.

Da minha parte fica o agradecimento ao parceiro Leonardo Rodrigues Martins (e a Rebecca também) que me ajudaram a encontrar os detalhes (não tão escondidos, mas desconhecidos para um forasteiro) que eu procura registrar.

Fotojornalismo e eleição
No dia 9 tive a oportunidade de palestrar para alguns alunos da Universidade Tuiuti, turma do técnico em Fotografia, sobre Fotodocumentarismo, Fotojornalismo e apresentar a proposta do projeto fotográfico. O convite foi do amigo fotógrafo Valquir Aureliano.

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Foto: Valquir Aureliano.

Fiz uma abordagem geral sobre a conceituação da fotografia documental, suas propostas estéticas, éticas e problemáticas – superadas ou não. Falamos sobre as fases e os principais fotógrafos e, em especial, o trabalho de Robert Frank.

No gancho da questão apresentei o projeto e a nossa ideia (e busca) de cobrir eleições. Falei dos muitos erros, dos acertos e da evolução (natural) que um projeto fotográfico sofre ao longo do tempo, tanto no que tange o olhar, a pesquisa, o conteúdo e a busca por imagens.

A gente continua e até o próximo!

[Presidenciáveis] Marina Silva em Curitiba

Por Marcos Xreda

A candidata à presidência Marina Silva (PSB) esteve em Curitiba. Marina e o seu vice de chapa, Beto Albuquerque, participaram de um evento público no Espaço Torres, no bairro Jardim Botânico.

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Fotos: Marcos Xreda (2014).

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Um “abrigo” feito com publicidade eleitoral

Foto: André Rodrigues (2014).

Por André Rodrigues

Curitiba, Paraná, Brasil.
Esta semana postei essa imagem na linha da minha rede social. Bem, ela faz parte do que vem sendo registrado no projeto. Digamos, no contexto correlato.

A “casinha”, num terreno na região central de Curitiba (bem ao lado da Fundação de Assistência Social – FAS), me chamou atenção. Peguei o equipamento e voltei lá. Um tanto que desconfiada, a moça (uma moradora de rua) me atendeu. Expliquei o porquê das fotos e ela consentiu desde que não fosse identificada.

A imagem ficou alguns dias guardada no HD. Essa foto serve um pouco para refletir.

Homeless builds home to election advertising. Brazil 2014 elections.

A última vez que vi Eduardo Campos

VOTO EM IMAGENS - CURITIBA - 12/08/2014 - VOTO EM IMAGENS

Eduardo Campos no Jornal Nacional. Fotos: André Rodrigues (2014).

Por André Rodrigues

A última vez que tive a oportunidade de ver (e fotografar) Eduardo Campos, foi numa visita a Curitiba. Para ser sincero, na verdade, a última vez que fotografei o candidato foi enquanto participava da entrevista ao Jornal Nacional.

Ao certo não sei explicar o motivo que resolvi registrar a participação dele no telejornal da Rede Globo. Mas, o fiz. Apenas sei dizer que senti a vontade de assistir a entrevista e por um estalo, de repente, por experimentação, optei por fazer alguns cliques enquanto escutava as respostas e propostas do candidato para o Brasil.

 

No último minuto (e meio), Eduardo Campos olhou profundamente nos olhos de todos os brasileiros que o assistiam ali naquele espaço, deu seu recado e disse que “representaria a indignação” do povo brasileiro. “Não vamos desistir do Brasil, é aqui onde vamos criar nossos filhos, é aqui onde vamos criar uma sociedade mais justa. Para isso é preciso ter a coragem de mudar, fazer diferente”, finalizou.

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Em 2013 fotografei o Eduardo Campos quando ele visitou a capital paranaense ainda como pré-candidato à presidência. Estava em pauta para o jornal Gazeta do Povo. Para o Voto em Imagens, aguardava a visita do presidenciável em Curitiba e de sua vice, Marina Silva, em campanha.

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Eduardo Campos, candidato à presidência pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), faleceu de forma repentina e atípica numa queda de avião nesta quarta-feira, 13 de agosto, aos 49 nove anos, enquanto cumpria sua agenda como candidato. Mais seis pessoas (entre eles: fotógrafo, cinegrafista, assessores e piloto e co-piloto) também morreram no acidente da aeronave.

Sabadão da campanha política

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Por André Rodrigues

Dia muito produtivo para o nosso projeto. Arrisquei dar um volta na Rua XV de Novembro, centro de Curitiba, na manhã deste sábado (9) e com esse frio não acreditava que iria encontrar muita gente pela rua. Errei feio. Os cabos eleitorais, fãs, militantes, fiéis e candidatos acordaram cedo e fizeram suas manifestações pelo centro da cidade.

Acreditem, tinha um pouco de tudo. Provocações, euforia, democracia, discurso, gente com máscara – tipo uma caricatura de candidato (veja foto no Twitter). Levaram até um cavalo – sim, cavalo de verdade mesmo.

O fotógrafo Marcos Xreda (edição na imagem acima) também esteve acompanhando a movimentação eleitoral deste sabadão. Sentamos, tomamos alguns cafés e chegamos à conclusão que valeu a viagem.

Se liga, skatista também vota

 

Adesivo colado numa lixeira de rua no centro de Curitiba destaca: skatista também vota. Considerando os tempos em que andar de skate era algo tipo “desocupado” e hoje se trata de um esporte reconhecido – vide o sucesso dos games de skate e a repercussão dos profissionais brasileiros; inclusive em nível internacional em todo tipo de competição – a dica é válida. Para reforçar, também vale dizer que a última manifestação intitulada “Go Skate Day”, realizada na capital paranaense, reuniu cerca de 30 mil pessoas.

Publicidade eleitoral nas ruas

A propaganda eleitoral está permitida desde o mês passado e quem anda pelas ruas já percebe as várias manifestações dos candidatos para essa Eleição 2014. Hoje acabei por dar uma melhor observada e já fazer alguns cliques para o projeto. A segunda-feira foi  dia com vento forte – alguns cavaletes foram ao chão. 

Foto: André Rodrigues 2014) - proibida a reprodução sem autorização.

Foto: André Rodrigues (2014) – proibida a reprodução sem autorização.

 

Eleições 2014 – a nossa leitura

Quem acompanha esse projeto, de repente, percebeu certa “sumida” da nossa parte. Poucas manifestações nas redes sociais, conteúdo reduzido e escassez de imagens. Realmente isso aconteceu e explico o por quê. Adianto: ainda estamos aqui.

Separamos um tempo para (re) pensar, avaliar melhor as coisas. Entre algumas ponderações, percebemos que o espaço do blog deve ter essencialmente material relativo ao processo do projeto. As postagens não devem ser meras replicações de informações ou de releases. Outra: é hora de reavaliar até a nossa própria fotografia. O projeto prossegue, entretanto, chegou o momento de uma reflexão acerca do que estamos fazendo e o que queremos.

Além disso, temos alguns obstáculos como financiar as viagens, ter recursos (traduza dinheiro) para concretizar as eventuais publicações ou mesmo arrumar tempo para escrever um post.

Mas tudo bem; como eu disse, ainda estamos aqui. Às vezes, menos é mais. Acredito já ter comentado, mas algumas ideias já surgiram para facilitar nosso trabalho. Em relação às publicações há vários mecanismos de viabilização online – o livro digital é um deles. Também vale incluir propostas mais abrangentes para o projeto, tal como questões que se relacionam direta e indiretamente no contexto político – acredito que isso enriquece a nossa interpretação e nossa fotografia. E ainda temos de resolver o problema de um site oficial para o projeto – a gente chega lá!

Eleições 2014
Por fim, a proposta segue e já estamos a clicar alguns fatos. Com o início oficial da campanha, alguns presidenciáveis estão nas ruas promovendo a disputa eleitoral.

Foto: Marcos Xreda (2014)

Foto: Marcos Xreda (2014)

A presidenta Dilma Rosseuff esteve em Curitiba no dia 3 de julho para o Encontro Estadual do PT para o lançamento da candidatura da Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná. O encontro foi realizado no Teatro Positivo (Universidade), num grande evento que contou, inclusive, com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Foto: André Rodrigues (2014).

Foto: André Rodrigues (2014).

O candidato à presidência pelo PSDB, Aécio Neves esteve na capital paranaense neste sábado (2). Ao lado do governador Beto Richa (PSDB), candidato à reeleição, eles caminharam pelo calçadão da Rua XV de Novembro. Distribuíram abraços, “selfie” (relfie) e até arriscaram uma capoeira.

Foto: André Rodrigues (2014).

Foto: André Rodrigues (2014).

 

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Registros indeferidos e cassação de candidatos geram novas eleições

 

Por André Rodrigues

Ainda há eleições sendo realizadas país afora. O pleito acontece nos municípios de Palestina (AL), São Sebastião da Vargem Alegre (MG) e Pedras Altas (RS) para escolher prefeito e vice-prefeito. Problemas no registro de candidatura e cassação são os principais motivos.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o novo pleito é realizado, pois as eleições de 2012 para prefeito foram anuladas. Candidatos que receberam mais de 50% dos votos válidos tiveram os registros de candidatura indeferidos ou mandados cassados. Logo, conforme resolução nº 23.280/2010, eleições suplementares devem ser marcadas sempre no primeiro domingo de cada mês, pelos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).

Segundo o calendário do TSE ainda estão marcadas eleições para o mês de maio e junho.

Palestina
No município de Palestina, Sertão alagoano, aproximadamente 3,6 mil eleitores voltam às urnas para escolher o novo prefeito. De acordo com informações do cartório eleitoral da 11ª Zona, Palestina tem cinco mil habitantes e conta com 11 seções eleitorais, que se concentram em duas escolas públicas localizadas na área urbana daquele município.

Conforme o TSE, em Palestina, foi negado o registro de candidatura de José Alberto Barbosa dos Santos, eleito prefeito do município, em 2012, com mais de 50% dos votos válidos. Ele foi denunciado pelo Ministério Público por não ter feito o registro de candidatura de seu vice, Gedílson Costa da Silva, em tempo hábil.

São Sebastião da Vargem Alegre
No município da Zona da Mata Mineira, as eleições foram marcadas devido à cassação do do prefeito reeleito Eloiz Massi (PDT) e do vice Cristiani Oliveira Pinto (DEM) no dia 1º de outubro de 2013 por captação ilícita de sufrágio, conforme texto do TER local. Disputam o cargo de prefeito do município mineiro neste domingo os candidatos Claudiomir José, do PMDB, e Sandra da Saúde, do PDT.

Os 2.752 eleitores da cidade – aqueles inscritos até o dia sete de novembro de 2013 no cadastro eleitoral – votarão das 8h até as 17h em urnas eletrônicas. São Sebastião da Vargem Alegre tem oito seções eleitorais, sendo uma delas seção especial (com acessibilidade), distribuídas em dois locais de votação. Para organizar os trabalhos, estão escalados para trabalhar 32 mesários. No último pleito, em 2012, o eleitorado era composto de 2.792 eleitores. Desse número, 2.613 eleitores compareceram, 36 votaram em branco e 80 anularam seus votos, resultando em 2.497 votos válidos, que elegeram o prefeito com 50,22% dos votos.

Pedras Altas
Em Pedras Altas, o prefeito Jair Luis Bellini teve seu diploma cassado por compra de votos e prática de conduta vedada a agente público em campanha. A decisão foi confirmada pelo Tribunal no dia 26 de novembro de 2013.

Na cidade, Nas eleições 2012, Pedras Altas possuía 2.241 eleitores aptos a votar. Na eleição suplementar, estarão aptos a votar todos os que estiverem com a inscrição eleitoral regular, domiciliados no município, até o dia 5 deste mês.

Os candidatos a prefeito na nova eleição em Pedras Altas são Fábio Luiz, do PSDB, e Giovane Pito, do PT.

Maioria do STF vota contra doação de empresas privadas a campanhas eleitorais

• Por Agência Brasil – texto de André Richter – Repórter da Agência Brasil Edição: Nádia Franco


A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votou hoje (2) a favor da proibição de doações de empresas privadas para campanhas políticas. Por 6 votos a 1, os ministros entenderam que as doações provocam desequilíbrio no processo eleitoral. Apesar da maioria formada, o julgamento foi suspenso por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. Não há prazo para o julgamento ser retomado.

O Supremo julgou a ação direta de inconstitucionalidade da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) contra doações de empresas privadas a candidatos e a partidos políticos. A OAB contesta os artigos da Lei dos Partidos Políticos e da Lei das Eleições que autorizam as doações para campanhas políticas.

De acordo com a regra atual, as empresas podem doar até 2% do faturamento bruto obtido no ano anterior ao da eleição. Para pessoas físicas, a doação é limitada a 10% do rendimento bruto do ano anterior.

Mesmo com o pedido de vista, dois ministros pediram para adiantar seus votos. Marco Aurélio, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), manifestou-se a favor da proibição das doações de empresas privadas. Segundo o ministro, o processo eleitoral deve ser justo e igualitário. “Não vivemos uma democracia autêntica, mas um sistema politico, no qual o poder exercido pelo grupo mais rico implica a exclusão dos menos favorecidos”, afirmou.

Marco Aurélio citou dados do TSE que demonstram os gastos das campanhas eleitorais em eleições passadas. De acordo com o ministro, em 2010, o custo de uma campanha para deputado federal chegou a R$ 1,1 milhão. Para senadores, o gasto médio ficou em torno de R$ 4,5 milhões. Na disputa para a Presidência da República, os candidatos gastaram mais de R$ 300 milhões.

De acordo com o tribunal, os maiores financiadores das campanhas são empresas que têm contratos com o Poder Público, como empreiteiras. “O dados revelam o papel decisivo do poder econômico para o resultado das eleições”, disse Marco Aurélio.

Na sessão de hoje, o ministro Ricardo Lewandowski também seguiu entendimento da maioria e votou pelo fim das doações. Para ele, os repasses vultosos para campanhas políticas ferem o equilíbrio das eleições.

A maioria dos ministros seguiu o voto proferido pelo relator da ação, ministro Luiz Fux, em dezembro do ano passado. Também acompanharam o entendimento de Fux os ministros Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli e Joaquim Barbosa. De acordo com o voto de Fux, as únicas fontes legais de recursos dos partidos devem ser doações de pessoas físicas e repasses do Fundo Partidário.

Fux também definiu que o Congresso Nacional terá 24 meses para aprovar uma lei que crie normas uniformes para as doações de pessoas físicas e para recursos próprios dos candidatos. Se, em 18 meses, a nova lei não for aprovada, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) poderá criar uma norma temporária.

Até o momento, apenas Teori Zavascki votou contra a proibição de doações de empresas privadas para campanhas políticas.

• Fotogaleria – A Marcha, nova versão 50 anos depois

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Estas 29 fotografias, registradas na “Marcha da Família com Deus pela Libertada”, realizada em São Paulo, no dia 22 de março de 2014. São imagens de André Rodrigues, Marcos Xreda e Marco Lima. Duas marchas foram realizadas: “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” e “Marcha Antifascista”. Antagônicas na essência por suas reivindicações e pelo posicionamento político. Uma ovacionava a intervenção militar e outra reivindicava a ‘ditadura nunca mais’.

A Marcha da Família, versão reeditada (a primeira aconteceu em 19 de março de 1964 e contou com a participação de aproximadamente 500 mil pessoas) teve manifestações em várias capitais (Rio de Janeiros, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, entre outras). Na capital paulista, contou com a participação de centenas de pessoas que marcharam da Praça da República até a Praça da Sé.

Ativistas que participaram da Marcha da Família deixavam bem claras suas posições e crenças. Entre elas, a intervenção militar, insatisfação com o governo e com a corrupção no país.

“Eu sou federalista, sou a favor da democracia. Só que a gente não tem certeza se a nossa democracia está sendo exercida. Então, sou a favor que os militares intervenham, não o regime, apenas para convocar novas eleições com voto impresso, para o povo ter garantia de que o voto que ele está dando está indo para quem ele colocou lá. Não é regime militar”, disse Walace Silvestre em declaração publicada na Agência Brasil.

Ponderação
Sim, o país, assim como qualquer outro, enfrenta problemas que devem ser sanados com sobriedade, cooperação e maturidade política. Nossas instituições e poderes estão alicerçados e estruturados constitucionalmente. Inclusive, a nossa representação política. Ou seja, por mais que eu não concorde com certos ideários ou práticas governamentais, estes nos representam, pois vivemos numa sociedade democrática – com deveres e direitos –, e a necessária consciência de fazer parte de um contexto político fundamentado na vontade da maioria. Logo, também vale ressaltar que há os mecanismos legítimos para o descontentamento, verificação e mudança de governança. Eleição e voto livre estão entre elas. (André Rodrigues)

Fotos: Marco Lima, Marcos Xreda e André Rodrigues
Copyright © 2014 – Voto em Imagens – Todos os direitos reservados – protegida pela Lei de Direito Autoral do Brasil (Lei 9610/1998).

 

Atualização: fotos acrescentadas às 12 horas

Eleitores do DF têm uma semana para fazer recadastramento biométrico

Por Agência Brasil

Os eleitores do Distrito Federal têm uma semana para fazer o recadastramento biométrico nos cartórios eleitorais mais próximos. O prazo termina na segunda-feira (31). O eleitor deve levar documento oficial de identidade e comprovante de residência, todos originais. Os locais de atendimento vão funcionar das 8h às 18h, durante a semana. No sábado (29) e no domingo (30), o horário será das 8h às 14h.

Se não regularizar a situação até o fim do prazo, o eleitor terá o título cancelado. Com isso, terá problema para fazer matrícula em faculdades públicas, receber salário (no caso de funcionários públicos), solicitar passaporte, empréstimos, pensão ou aposentadoria, além de não poder votar.

Segundo o Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), 300 mil eleitores ainda não fizeram o recadastramento. Levantamento mais recente informa que 84,08% do eleitorado do DF já foi identificado por meio das digitais.

A biometria vem sendo introduzida pela Justiça Eleitoral desde 2008, após mais de 20 anos de processo manual de votação, com urnas de lona e cédulas de votação de papel.

Para 2014, a estimativa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é que 22 milhões dos 140 milhões de eleitores brasileiros sejam identificados pela biometria. Quatro estados (Sergipe, Alagoas, Amapá e Distrito Federal) e 844 municípios terão eleitores votando apenas pela biometria.

Em 2008, o sistema de identificação dos eleitores, por meio da biometria, foi lançado em três cidades. Na época, 40 mil eleitores dos municípios de Colorado do Oeste (RO), Fátima do Sul (MS) e São João Batista (SC) foram os primeiros a serem identificados pelo novo processo. Nas eleições presidenciais de 2010, mais de 1 milhão de eleitores de 60 cidades de 23 estados foram identificados biometricamente. Na eleição municipal de 2012, foram 7,7 milhões de eleitores de 299 municípios.

Reedição da Marcha da Família

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Foto: André Rodrigues

Marcha da direita
A Marcha da Família, que foi realizada neste sábado (22) reuniu cerca de mil pessoas em São Paulo, segundo o major responsável pela operação no local. A marcha saiu da Praça da República e seguiu até a Praça da Sé, repetindo o trajeto da marcha de 1964. Nesta nova versão, o mote foi “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” e contou com a participação de muitos grupos defensores da intervenção militar e alguns tumultos.

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Foto: Marcos Xreda

Aos gritos de “fora PT”, “fora Dilma” “não queremos eleição, queremos intervenção”, “queremos os militares protegendo o Brasil” e muitas manifestações de nacionalismo e ode aos militares, os manifestantes caminharam pelo centro da capital paulista.

Ações hostis foram manifestadas desde o começo por grupos identificados como a “brigada” de proteção ao ato. Quem era identificado como “comunista” ou sequer vestia vermelho automaticamente era “preso” e expulso. Segundo alguns veículos de comunicação, uma manifestante que foi à marcha errada (Antifascita) com uma bandeira do Brasil, também foi hostilizada. Dois rapazes vestidos com saia resolveram provocar a marcha com cartazes escritos “Marchinha quase da família” e tiveram os cartazes rasgados. Outras agressões também ocorreram como a agressão ao fotojornalista Leonardo Martins.

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Foto: André Rodrigues

Marcha da esquerda
Uma Marcha Antifascista, organizada por esquerdistas que reivindicam a ditadura nunca mais, também ocorreu pra contrapor a Marcha da Família e seguiu até a Luz.

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Foto: Marcos Xreda

Foto: André Rodrigues

Foto: André Rodrigues

Foto: Marcos Xreda

Foto: Marcos Xreda

 

Foto: André Rodrigues

Foto: André Rodrigues

 

Lugar de mulher é na política [2] – atual sistema eleitoral favorece os homens

Por André Rodrigues

Apesar de o país ser presidido por uma mulher, (presidente Dilma Rousseff), a plena participação feminina na vida política esbarra em uma participação modesta e um sistema político predominante masculino. Neste 8 de março vale uma reflexão acerca de proposta que propicie igualdade de gênero e a inserção da mulher de forma mais ampla na esfera do poder.

A importância da mulher na sociedade, na vida pública e suas conquistas é uma realidade. Entretanto, não basta apenas o reconhecimento, a mulher precisa avançar para uma igualdade em áreas que vão além do trabalho. A cada ano, a cada nova eleição, o debate do tema ganha força em diversos segmentos. Mas como aumentar a participação da mulher na política?

Há quem defenda que os mecanismos atuais como a cota dos partidos de 30% de candidatura para as mulheres, 5% do Fundo Partidário ou tempo de propaganda na TV, não são garantias reais.

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Num artigo veiculado no jornal O Tempo (5/3), a coordenadora da bancada feminina da Câmara, deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG), disse que o mais desafiador e importante no sistema eleitoral atual é “libertar o voto do poder econômico”.

Para tanto, Jô afirma ser essencial acabar com o financiamento privado de campanhas, tema sob análise do Supremo Tribunal Federal (STF). “As empresas tendem a investir nos homens, que concentram o poder partidário”, justificou.

Além disso, a parlamentar defende o voto em lista fechada, em que o partido apresenta uma listagem prévia de nomes e o eleitor escolhe apenas a legenda. Para Jô, a lista deveria ser proporcional, ou seja, para cada homem eleito haveria uma mulher, por exemplo.

Uma reforma política mais abrangente e com avanços no tema seria o caminho. Entre as sugestões igualar a proporção de mulheres e homens concorrendo na eleição.

Ainda no jornal O Tempo (5/3), a presidente do Partido da Mulher Brasileira (PMB), Sued Haidar, acredita que estar nos partidos boa dose de solução. De acordo com ela, quando o PMB conseguir se formalizar no país, 70% dos seus quadros serão preenchidos por mulheres.

O integrante da Comissão Nacional de Estudos Constitucionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Mário Lúcio Quintão, concorda que o caminho está nos partidos. “Trata-se de sensibilizar as legendas.”

Vote em mulher
O eleitor também pode fazer a diferença. Numa entrevista ao jornal Brasil de Fato, a ministra Eleonora Menicucci, da Secretariade Políticas para as Mulheres da Presidência, chamou atenção para o fato de a sociedade ser sexista e não votar em mulher “Isso é ruim. Tem impacto na definição das políticas, nas votações, no leque de reivindicação das mulheres”, disse ela referindo à inserção da mulher como agente político.

Cenário
A revista Carta Capital cita que “na Câmara Municipal de São Paulo, dos 55 vereadores eleitos apenas 6 são mulheres. No Senado, elas são 8 entre 81 senadores, e na Câmara dos Deputados, 46 entre 513 deputados. Com esses dados pode-se observar que as mulheres não ocupam nem 10% dos cargos nos principais espaços de decisão do Brasil, em um país em que elas representam 51,3% da população, segundo o IBGE em 2013, e 51,09% do eleitorado, segundo o TSE, em 2012.

“A pequena participação feminina na política é um reflexo da construção histórica de opressão a que as mulheres foram e ainda são submetidas – a elas foi negada a possibilidade de decidir quem as representava até 1932, quando conquistaram o direito ao voto”, ressalta Nabil Bonduki. “A esfera pública, em que a política está inserida, foi sempre destinada aos homens, enquanto as mulheres eram privadas desse espaço em seus lares, com tarefas domésticas e de cuidados, sob o argumento da inferioridade feminina e do perigo de dissolução da família.”