Afeganistão tem eleição histórica

Por André Rodrigues

O Afeganistão realiza uma eleição histórica. Os afegãos escolhem seu novo líder numa votação que pode ser um marco de transição democrática numa história de mais de 5 mil anos da nação. De acordo com o site Aljazeera, mais de 350 mil soldados estão incumbidos de proteger a eleição.

A votação ocorre neste sábado (5). As urnas forma abertas às 7 horas (23h30 de sexta-feira em Brasília). Os resultados preliminares serão divulgados em 24 de abril. O segundo turno está previsto para 28 de maio. Segundo uma sondagem prévia, três em cada quatro afegãos estavam pensando em votar.

A população está decidida a votar – pelo menos a da área urbana. De acordo com o jornal Zero Hora, cerca de 3,8 milhões de novos eleitores — entre eles 1,3 milhão de mulheres — se inscreveram para participar das eleições. Estima-se que existam 20 milhões de cartões eleitorais em circulação, vários milhões a mais que a avaliação sobre a quantidade de cidadãos habilitados a votar.

Oito candidatos concorrem à eleição para substituir Hamid Karzai – que não pode concorrer segundo a Constituição. Entre os favoritos, segundo a AFP, está Zalmai Rasul, considerado o candidato do atual presidente, Ashraf Ghani, economista, e Abdullah Abdullah, que ficou em segundo lugar na eleição de 2009.

Pleito tenso
Um dos maiores receios é quanto à segurança e uma onda de violência dita o clima antes da eleição. O Talibã rejeitou a eleição e reforçou o empenho para frustrar a realização do pleito. Há dois dias houve um atentado em Cabul, no mês passado um jornalista sueco (Nils Horner) foi morte e ontem, uma fotógrafa (Anja Niedringhaus) foi morta por um disparo.

A preocupação com a fraude ancora-se numa inércia estrutural. De acordo com o jornal Público PT, a ouvir Martine van Biljert, diretora da Afghan Analysts Network, destaca que a distribuição de mais de 20 milhões de cartões torna-se uma espécie de moeda. Ou seja, viram prática de abundância para votos falsos. “A enormidade do país e as deficientes comunicações, o analfabetismo e a hierarquia tribal da sociedade, a corrupção e a debilidade das instituições ajudam a explicar o resto”, destaca o Público.

Voto Feminino
O voto feminino será outro ponto que estará no centro das atenções, já que os direitos das mulheres foram o eixo central dos esforços internacionais após a queda do regime talibã, que obrigava as mulheres a se cobrir com burcas e vedava o acesso das meninas à escola. Logo, a participação das mulheres será um importante reforço na votação.

Entretanto, muitos dos cartões, segundo Martine van Biljert, diretora da Afghan Analysts Network, na reportagem do jornal Público PT, “nas zonas rurais mais conservadoras, os cartões das mulheres não têm fotografia e os registros são muitas vezes feitos pelo chefe de família. Mais tarde, são também eles que votam por elas.

Obsrvadores
– É um momento crítico na história do Afeganistão – disse Marzia Faraz, na nota oficial do Free and Fair Election Fórum of Afeghanistan (Fefa).

A Fefa é uma ONG independente tem a missão de realizar a observação da eleição afegã. A entidade, segundo o Foreign Policy (FP), vai disponibilizar mais de 10 mil observadores, distribuídos em 399 distritos. Faraz tem a missão de documentar violações, intimidação, propaganda eleitoral, entre outras irregularidades.

O trabalho de observação começa muito tempo antes da eleição. E Faraz esteve promovendo a participação feminina.

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Fontes
Folha de São Paulo
AlJazeera
Euronews
FEFA
G1
FP
Público PT
New York Times
Zero Hora